sexta-feira, 23 de maio de 2014

A CIENCIA E A FÉ

A CIÊNCIA AJUDA OU AMEAÇA A FÉ?

                                            
                                      A CIENCIA E A FÉ

A questão é: como devemos entender o relacionamento entre a ciência e o cristianismo? Em uma festa, fui apresentado a um professor de física. Ao saber que eu era filósofo e teólogo, ele me notificou sobre a natureza irracional das minhas áreas, argumentando que a ciência removeu a necessidade da crença em Deus.
Outros defendem a idéia de que ciência e teologia não se misturam, como o óleo e a água. São tão diferentes uma da outra que nenhuma descoberta científica tem qualquer sentido para a teologia, e vice-versa. “Ciência e religião são esferas de vida radicalmente divergentes”, asseguram. Essa opinião foi sacralizada na lei, no julgamento da ciência criacionista em Little Rock, Arkansas, nos Estados Unidos, em dezembro de 1981. Naquele tribunal, a ciência criacionista foi julgada como religião disfarçada de ciência.
Ainda outros parecem crer que a teologia não é racional, a menos que tenha comprovação científica, e assim passam a procurar fervorosamente essa confirmação. Quem está certo? Será que a ciência é uma ameaça ou um auxílio à fé, ou são campos não-correlatos em nível intelectual?
Ao examinarmos esse assunto, devemos manter em mente que a relação entre a ciência e a teologia não é uma questão científica apenas, ela envolve a teologia, a filosofia e a história da ciência. À medida que perscrutamos esses campos em busca de compreensão, descobrimos diversos modelos de integração, cada um dos quais tendo algo importante a oferecer. A seguir veremos quatro desses modelos:
Primeiro, a teologia proporciona uma visão de mundo na qual as pressuposições da ciência são melhor justificadas. A ciência não pode ser praticada sem alicerces. De fato, requer pressuposições filosóficas substanciosas, até para começar. Tais pressupostos incluem a existência do mundo, sua natureza organizada e sua cognoscibilidade, a confiabilidade dos nossos sentidos e do nosso intelecto para descobrir a verdade, a existência da própria verdade e a uniformidade da natureza. Muitos têm defendido que estes pressupostos, apesar de coerentes, com uma visão de mundo naturalista, são estranhos e sem justificativa conclusiva nessa visão de mundo. Tais pressupostos são melhor explicados e se encaixam melhor numa cosmovisão cristã.
O segundo modelo é aquele no qual a teologia complementa e acrescenta detalhes aos princípios gerais do modelo científico, ou vice-versa. Ou, então, que ela ajuda a aplicar, de maneira prática, os princípios no modelo científico, ou vice-versa. Por exemplo, a teologia ensina que os pais não devem incitar seus filhos à ira, e a psicologia pode acrescentar detalhes importantes, oferecendo informações’ sobre a natureza e as causas da ira. A psicologia pode delinear vários testes para avaliar se alguém é ou não uma pessoa madura, e a teologia pode oferecer uma definição normativa ou padrão do que é uma pessoa madura.
O terceiro modelo representa as crenças e os métodos da ciência e da teologia como envolvendo duas áreas da realidade distintas, não-encaixáveis (e.g., o natural versus o sobrenatural), ou como envolvendo duas descrições complementares que não interagem entre si – cada uma das quais parcialmente correta, mas incompleta – da mesma realidade. Cada nível de descrição não apresenta lacunas que precisariam ser preenchidas pela informação da outra disciplina. Por exemplo, debates sobre a extensão da Expiação nada tem a ver com a química inorgânica. Semelhantemente, os teólogos têm pouco interesse em saber se a molécula de metano possui três ou quatro átomos de hidrogênio. Adicionalmente, uma descrição teológica de certos aspectos da maturidade humana (e.g., Sally está-se tornando mais semelhante a Cristo) pode complementar uma descrição psicológica da maturidade humana (e.g., Sally está-se tornando um self-unificado).
Esse terceiro ponto de vista, de que a ciência e a teologia são duas descrições parciais complementares do mundo, é muito popular hoje, e por bons motivos. Ele consegue apreender acuradamente parte da maneira com que a ciência e a teologia se relacionam. Para entender isso, é importante compreender a distinção entre as ações primárias e as secundárias, casuais, de Deus. A grosso modo, o que Deus fez ao abrir o Mar Vermelho foi um ato causativo primário; o que Deus fez direcionando e mantendo aquele mar antes e depois de parti-lo envolveu ações causativas secundárias da parte de Deus. A forma costumeira pela qual Deus opera manifesta-se nas causas secundárias, pelas quais Ele sustenta a existência dos processos naturais e os emprega como agentes intermediários para cumprir algum propósito. As causas primárias são a forma não-costumeira de Deus operar e envolve ações miraculosas diretas, não-contínuas, de Deus.
O ponto de vista da complementaridade é especialmente útil quando Deus age através de causas secundárias. Por exemplo, as descrições químicas da síntese da água a partir do hidrogênio e do oxigênio são complementares a uma descrição teológica do governo providencial de Deus sobre os elementos químicos durante a reação. Infelizmente, muitos que advogam o ponto de vista da complementaridade levam sua posição longe demais, não deixando espaço para um quarto modelo de integração. Esse abuso do modelo complementar está arraigado num entendimento inadequado da integração e numa compreensão imprópria da história e da filosofia da “ClenCla”.
De acordo com este quarto modelo de integração, visto que abordam de modo interativo os mesmos fenômenos, a ciência e a teologia podem estar de acordo ou em conflito de diversas maneiras. Às vezes uma crença científica será contraditória, quanto à lógica, a uma crença teológica. Por exemplo, algumas versões do modelo de universo pulsante implicam num universo que não teve início, e isso contradiz o ensino bíblico de que houve um princípio.
Às vezes a ciência e a teologia fazem declarações que não são contraditórias, do ponto de vista da lógica, ambas poderiam ser verdadeiras, mas são, contudo, difíceis de se encaixar, ou tendem a ser mutuamente excludentes. Por exemplo, a maioria dos evolucionistas tem defendido que a teoria da evolução pesa fortemente contra o entendimento de que os organismos vivos (incluindo os humanos) têm uma essência ou uma substância que poderíamos chamar de “alma”. De acordo com a teoria naturalista da evolução, os organismos vivos são, na sua inteireza, o resultado de processos materiais que operam em objetos estritamente físicos (e.g., o “caldo orgânico”).

Não há contradição em aceitar a teoria evolucionária naturalista e ainda assim ver os organismos como criaturas com almas e essências, como a teologia cristã parece subentender. Mas a realidade da alma e a existência das essências são difíceis de se encaixar na teoria evolucionária naturalista.
Também é possível que as crenças científicas e teológicas se reforcem mutuamente. Por exemplo, alguns defenderam que o Big Bang deu apoio à crença teológica de que o universo teve um princípio. O mesmo afirma-se sobre a segunda lei da termodinâmica, quando aplicada ao universo como um todo. Outros exemplos de descobertas científicas que dão apoio a pressupostos teológicos incluem o delicado equihôrio entre as várias constantes da natureza (e.g., a gravidade), necessário para que aparecesse qualquer tipo de vida no universo, as lacunas sistemáticas no registro fóssil, a informação contida no DNA e a natureza da linguagem humana. Em cada caso, as crenças teológicas já eram razoáveis sem a ciência, mas as descobertas científicas conferiram apoio adicional a elas.
O importante neste quarto modelo é que ele permite que as crenças teológicas penetrem na própria prática da ciência. De fato, não se pode ler a história da ciência sem notar que a teologia regularmente adentrou na prática científica, às vezes de modo inadequado, mas outras, de modo bastante apropriado.
Qualquer compreensão da ciência que desconsidere este quarto modelo é uma descrição revisionista da história da ciência.No espírito deste quarto modelo, o filósofo Alvin Platinga desafiou os cristãos a desenvolverem o que ele chama de ciência teísta. A ciência teísta está arraigada na idéia de que os cristãos têm a obrigação de consultar tudo o que sabem - incluindo as crenças teológicas - para formar e testar hipóteses, ao explicar as coisas que dizem respeito à ciência e ao avaliar a plausibilidade das teorias científicas.
Mais especificamente, a ciência teísta exprime um compromisso com a crença de que Deus, concebido como um agente pessoal com grande poder e inteligência, através do agir primário e direto, assim como do causar secundário e indireto, criou e planejou o mundo para um objetivo. Ele interferiu diretamente no curso deste processo em várias ocasiões (e.g., na criação direta do universo, nos primeiros seres vivos, nas formas básicas de vida e nos seres humanos). E tais concepções podem entrar na própria textura da prática científica.
Para esclarecer mais ainda, permita-me delinear três modos pelos quais as crenças teológicas podem introduzir-se na ciência. Primeiro, as proposições teológicas podem prover uma bagagem de crenças, usadas para avaliar uma hipótese científica. As crenças teológicas de que o universo teve um princípio e de que o adultério é pecaminoso podem ser usadas para avaliar as hipóteses que afirmam que o universo tem um passado infinito, ou que o adultério pode ser um sinal de maturidade psicológica.
Segundo crenças teológicas podem guiar a pesquisa e gerar predições que podem ser testadas. Por exemplo, as asserções teológicas de que os tipos básicos de vida foram criados diretamente, de que os humanos surgiram no Oriente Médio e de que o dilúvio de Noé teve certas características podem produzir predições verificáveis; isto é, existirão lacunas no registro fóssil, os restos humanos mais antigos serão encontrados no Oriente Médio e terá de haver limites no cruzamento de espécies.

Adicionalmente, a idéia de um ato direto, criativo, da parte de Deus, pode ser usada para explicar coisas que são passíveis de descobertas pela ciência. A ciência pode descobrir informações no DNA, que o universo teve um princípio e que a linguagem humana é ímpar, e a teologia pode prover explicações para essas descobertas.
Nem todos se satisfazem com a noção de ciência teísta. Por vários motivos, muitos desejam manter a ciência separada da teologia, embora talvez como um complemento. Alguns empregam a estratégia “deus-das-lacunas” , na qual só se crê na atuação de Deus quando há lacunas na natureza. Apela-se para Deus para encobrir a ignorância humana. Todavia, as lacunas no nosso conhecimento estão-se tornando menores, o que não deixa de ser uma estratégia fraca.
A ciência teísta, contudo, não limita a atividade de Deus às brechas. A natureza não é autônoma. Deus está constantemente ativo sustentando e governando o universo. Tampouco a ciência teísta apela para os atos diretos de Deus para encobrir a ignorância humana. Tais apelos são feitos somente quando há boas razões teológicas ou filosóficas para esperar uma descontinuidade da natureza.
Finalmente, Stephen C. Meyer, filósofo do Witworth College, fez uma distinção entre a ciência empírica e a histórica. A ciência empírica é uma abordagem não-histórica do mundo, que focaliza os eventos que podem ser repetidos, que são regularmente recorrentes na natureza (e.g., reações químicas). Em contraste, a ciência histórica tem uma natureza histórica e focaliza os eventos passados, que não podem ser repetidos (e.g., a morte dos dinossauros). Na história da ciência, os apelos impróprios à ação causal primária de Deus para explicar certo fenômeno ocorreram na ciência empírica. Tais apelos eram errôneos, visto que nestes casos Deus age através da causa secundária, e não primária. A conclusão apropriada envolve limitar o apelo à atividade causativa primária de Deus à ciência histórica, e não eliminar completamente tais apelos da “clencla”.
Eis uma segunda objeção à ciência teísta: a ciência explica as coisas usando as leis naturais, e um ato de Deus não é uma lei da natureza. Esta objeção é igualmente equivocada. É verdade que explicamos coisas na ciência empírica apelando para a lei natural. A formação da água a partir do hidrogênio e do oxigênio, por exemplo, é explicada pelas leis da química. Na ciência histórica, entretanto, explicamos a existência de algo postulando uma entidade causal para ele. Os cosmologistas explicam algum aspecto do universo não só apelando para as leis naturais do movimento, mas também citando o Big Bang como um evento causal singular. Na arqueologia, na psicologia e na ciência forense apela-se para atos ou estados de agentes como causas dos fenômenos (e.g., um determinado comportamento obsessivo foi causado pelo desejo de ser amado). Isso não é anticientífico, e se os cristãos têm razão para suspeitar que Deus criou diretamente, digamos, os seres humanos, então apelar para suas ações encaixa-se num padrão respeitável de explicação científica.
Em suma, há vários aspectos na integração da ciência e da teologia, e a ciência teísta é uma parte legítima de tal integração. A teologia não precisa da ciência para ser racional. Em princípio, porém, nada há de errado em trazer a teologia de alguém ao exercício da ciência. Deixando as intimidações intelectuais de lado, é hora de os cristãos repensarem tais questões e permitirem que a ciência teísta seja parte da forma com que amam a Deus com suas mentes.
J. P. Moreland é diretor do programa de mestrado em filosofia e ética na Escola de Teologia de Talbot, na Universidade de Biola, em La Mirada, Califórnia, e autor do livro “Christianity and the Nature of Science” (editora Baker).

 FONTE ICP

INFERNO EXISTE?

                      INFERNO - LUGAR DE DESCANSO EM ESPERANÇA?


O título deste artigo foi extraído do capítulo 6, p. 67, do livro “Seja Deus verdadeiro”, 1ª edição, 1949, publicado pela International Bible Students Association (hoje “Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados”). A referida editora se ocupa em publicar as literaturas das testemunhas de Jeová. Embora sejam freqüentes as mudanças doutrinárias dessa seita, isso, no entanto, não tem ocorrido com o seu ensino que nega a existência do inferno como lugar de tormento eterno e consciente.

Quando tratam da questão do inferno, sua abordagem é sempre com o intuito de ridicularizar, escarnecer e rejeitar o ensinamento claro e profundo das Escrituras Sagradas. E fazem isso com ardor intenso.

Surge, então, a pergunta: “Como as testemunhas de Jeová chegaram ao conceito de que o inferno é um lugar de descanso em esperança?”. Tudo começou com um debate entre o fundador dessa organização religiosa, Charles Taze Russell, e um famoso cético.

O motivo do debate

“Com menos de vinte anos de idade, Charles Taze Russell tinha sido membro da Igreja Congregacional e crente fervoroso na doutrina da tortura eterna das almas condenadas num inferno de fogo e enxofre literais. Mas, ao tratar de converter ao cristianismo um conhecido descrente, ele próprio foi derrotado na sua posição sectária e impelido ao ceticismo. Avidamente começou a investigar as religiões pagãs em busca da verdade sobre o propósito de Deus e o destino do homem. Provando que todas essas não eram satisfatórias e antes de deixar por completo a investigação religiosa, ele empreendeu a pesquisa nas Escrituras Sagradas do ponto de vista de um cético, então livre das falsas doutrinas religiosas dos sistemas sectários da cristandade”.1

Declaração das testemunhas de Jeová sobre Russell, fundador da seita

“Em essência, mostramos que a Sociedade é uma organização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como seus princípios de crença a santa Bíblia, conforme explicada por Charles T. Russell; que C. T. Russell, durante sua vida, escreveu e publicou seis volumes, ‘Estudos das Escrituras’, e, já em 1896, prometeu o sétimo volume que trataria de Ezequiel e de revelação; que, no seu leito de morte, declarou que outrem escreveria o sétimo volume...”.2

Fonte de autoridade religiosa

Quando dialogamos com as testemunhas de Jeová elas afirmam, com muita ênfase, que crêem unicamente na Bíblia como sua fonte de autoridade religiosa. Entretanto, não podem negar que o seu entendimento das Escrituras tem por base o seu fundador – C. T. Russell. Este, ao terminar o seu livro “Estudos das Escrituras”, não teve dúvidas em declarar que se alguém se desse à leitura da Bíblia sem a ajuda do mesmo estaria, no final de dois anos, em trevas. Mas, se alguém lesse a Bíblia somente nas referências indicadas no seu livro, dentro de dois anos teria a luz das Escrituras, mesmo não lendo uma página sequer da Bíblia.3

O texto de Russell

“...se alguém os puser de lado e ignorá-los (‘Estudos das Escrituras’), indo somente à Bíblia, embora entenda a Bíblia por dez anos, a nossa experiência mostra que dentro de dois anos ficará em trevas. Por outro lado, se tivesse simplesmente lido os ‘Estudos das Escrituras’, junto com as suas referências, e não lesse uma página da Bíblia sequer, esse alguém estaria na luz no fim de dois anos, porque teria a luz das Escrituras”.

Como se vê, o ensino das testemunhas de Jeová sobre o inferno nada mais é do que uma doutrina esposada por um cético (incrédulo) quando adotou o “ponto de vista do cético”. E, como sabemos, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura (1 Co 2.14).

Deus é amor

O inferno é, para o homem natural, uma verdadeira aberração, incompatível com a declaração bíblica de que Deus é amor (1 Jo 4.8).

Allan Kardec, codificador do Espiritismo, chega a afirmar: “ou Deus é perfeito, e não há penas eternas, ou há penas eternas, e Deus não é perfeito”.4

As testemunhas de Jeová crêem, como os espíritas, que a existência do inferno é incompatível com o amor de Deus. Os espíritas ensinam que o Jeová do Velho Testamento não é o Pai de Jesus no Novo Testamento. Para eles, não há qualquer problema. Mas as testemunhas de Jeová não têm essa crença. Admitem que se trata do mesmo Deus. Mas, quando lemos sobre as ordens severas de Deus de destruir os cananeus e outros povos pagãos, ordenando a morte de todos em geral, homens, mulheres e crianças de peito, as testemunhas de Jeová justificam essa ordem mostrando que as práticas religiosas daqueles povos eram imorais, idólatras e ligadas à feitiçaria. Declaram:

“O que podemos aprender disso? Indica a narrativa, de algum modo, que Jeová não é Deus de amor e alguém que ‘ama a justiça’, conforme se declara em outra parte da Bíblia? – 1 João 4.8; Salmo 37.28. Não; antes, ensina um princípio vital: que o amor de Deus à justiça tem por parte correspondente o ódio à iniqüidade”... “Certamente não é razoável pensar-se que o amor de Deus à humanidade o obrigaria a amar também a iniqüidade”.5

Nesse particular concordamos com as testemunhas de Jeová.

“O SENHOR é um Deus zeloso e vingador; o SENHOR é vingador e cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas”(Na 1.2-3,6).

Deus é amor, mas não ama a injustiça nem o pecado. Não perdoa o pecador impenitente, pois nem aos anjos perdoou. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo” (2 Pe 2.4).

Argumentos contra o inferno

Justificam seus ensinos sobre o inferno ser um lugar de descanso afirmando: “Se xeol é sepultura, é impossível ser ao mesmo tempo um lugar de tortura pelo fogo e ao mesmo tempo uma cova. Mas poderá perguntar: ‘Como sabemos que xeol significa sepultura e não um lugar de tortura?’. Porque a Bíblia, a Palavra de Deus, interpreta assim”.6

“É tão claro que o inferno, segundo a Bíblia, é túmulo, sepultura, que até uma honesta criancinha pode entendê-lo, porém não os teólogos religiosos”.7

A base, pois, para negar a existência do inferno como lugar de tormento consciente e eterno é que o inferno é a sepultura. Para chegar a essa conclusão, interpretam as palavras xeol (hebraica) e hades (grega) como sendo simplesmente sepultura ou túmulo.

A palavra xeol (Seol)

A respeito dessa palavra, as testemunhas de Jeová declaram: “Há precisamente uma palavra, e somente uma, nas antigas Escrituras hebraicas (O Velho Testamento), que se traduz inferno na Versão Inglesa Autorizada da Bíblia, e esta palavra é xeol. Através das Sagradas Escrituras hebraicas, esta palavra ocorre 65 vezes...”8

Hoje, as literaturas das testemunhas de Jeová grafam a palavra xeol por Seol. Assim, para negar a doutrina do inferno de tormento consciente dizem que o termo xeol indica sepultura ou túmulo.

Declaram, ainda, que “A palavra hebraica ‘Seol’ [ou ‘Xeol’] e a palavra grega ‘Hades’ significam a mesma coisa”.9

Ora, as testemunhas de Jeová possuem uma tradução da Bíblia conhecida como “Tradução do Novo Mundo”. Nessa versão, deixaram de traduzir a palavra hebraica Xeol, apenas a transliteraram, ou melhor, somente a aportuguesaram.

Ora, se a palavra Seol indica realmente sepultura ou túmulo, por que não a traduziram por sepultura, sepulcro ou termo equivalente? Não o fizeram porque sabem que existem palavras no hebraico específicas para sepultura. São elas: Kever e Kevurah.

A palavra sepultura ou túmulo

A palavra sepultura ou túmulo aparece nas Escrituras Hebraicas e é citadas na “Tradução do Novo Mundo”? Certamente que sim. E centenas de vezes. Exemplo:

“Êx 14.11: ‘E passaram a dizer a Moisés. É porque não há nenhuma sepultura no Egito que nos trouxeste para cá, para morrermos no ermo?’

“Is 14.19: ‘Mas, no que se refere a ti, foste lançado fora sem sepultura para ti...’

“Sl 88.11: ‘Declarar-se-á a tua benevolência na própria sepultura’

“Is 22.16: ‘Que é que te interessa aqui e quem é que te interessa aqui, que aqui escavaste para ti uma sepultura?’”

Então, qual é a palavra hebraica traduzida por sepultura na “Tradução do Novo Mundo”? As testemunhas de Jeová respondem: “Cemitérios, sepulturas ou túmulos individuais e literais são mencionados por palavras diferentes na língua original. Assim, indicam lugares individuais na ‘Terra dos Viventes’ pelos nomes de lugares ou cidades”.

Keber (hebraico), lugar de sepultura ou sepultura (português)

“Gn 23.4: ‘Peregrino e forasteiro sou entre vós. Dai-me entre vós a posse dum lugar de sepultura para que eu sepulte o meu defunto de diante da minha face’”. K’boorah (hebraico), sepultura, lugar da sepultura, sepulcro (português)

“Gn 35.20: ‘Jacob erigiu sobre a sepultura de Rachel uma coluna que existe até o dia de hoje’.

“Dt. 34.6 : “Foi sepultado no vale, da torrente na terra de Moab, defronte de Beth-Peor; mas ninguém tem sabido até hoje o lugar da sua sepultura”.10

A palavra Hades

Hades (no grego) corresponde à palavra Seol (no hebraico). Não indica sepultura, como supõem as testemunhas de Jeová. Procedem com a palavra hades da mesma forma como agiram com o termo em hebraico Seol. Ou seja, não a traduzem, mas transliteram-na em sua versão da Bíblia: “Tradução do Novo Mundo”.

As dez ocorrências da palavra Hades

•Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13-14.
•At 2.27: “Porque não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção”.
•Lc 16.23: “E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele (na posição junto) ao seio”.
•Mt 11.23: “E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje”.

Existem palavras próprias para sepultura, sepulcro ou túmulo nas Escrituras Gregas do Novo Testamento? Sem dúvida que sim! É a palavra Hades que se traduz por sepultura ou túmulo? Não! Mas vejamos o que dizem as testemunhas de Jeová:

Mnema (grego) túmulo (português)

•Mc 5. 2,3: “Veio... dos túmulos um homem... o qual tinha ali a sua morada, e nem mesmo com cadeias podia já alguém segurá-lo”.
•Lc 23.53: “E tirando-o da cruz, envolveu-o em um pano de linho e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ninguém havia sido sepultado”.
•At 2.29: “Irmãos, é-me permitido dizer-vos ousadamente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo está entre nós até hoje”.11 

O verdadeiro sentido da palavra Seol

A palavra Seol-Hades, na verdade, significa o lugar das almas conscientes, e não o lugar dos corpos nas sepulturas ou túmulos. O que dizem as testemunhas de Jeová sobre o significado da palavra Seol ou Hades? Declaram: ‘“Hades’, talvez significando ‘o lugar não visto’, ocorre dez vezes na ‘Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs’”.12

Como se vê, Seol e Hades não podem significar sepultura, dado que sepultura ou túmulo é um lugar visto, enquanto Seol e Hades significam ‘o lugar não visto’. Além disso, existem as palavras específicas para sepultura, que são Keber, K’boorah (hebraico) e Mnema (grego).

Diferenças entre Seol/Hades e Kever-Kevurá/Mnema-Mnemeion

1. Enquanto Jonas comparou suas angústias no ventre do grande peixe como sendo o Seol, demonstrando ser um lugar de consciência (Jn 2.1,2), no Kever o corpo está inconsciente;
2. Enquanto Seol/Hades só aparece no singular, Kever aparece no singular e no plural (sepultura, sepulturas - Êx 14.11);
3. Enquanto Kever/Mnema sempre é relacionado ao corpo, Seol/Hades só é mencionado em relação ao espírito e à alma (Lc 16.22-25);
4. Enquanto não há nenhuma referência à alma descendo ao Kever/Mnemeion (sepultura) e o corpo ao Seol/Hades, há referências à alma indo ao Seol/Hades.(Lc 16.22,23);
5. Enquanto na morte de Jesus seu corpo foi ao Kever (Is 53.9), no grego Mnemeion (Jo 19.41-42), a sua alma foi ao Seol (Sl 16.10), no grego Hades (At 2.27).

A palavra Geena

Geena (no grego) é o mesmo local conhecido como de “vale do filho de Hinon”, que aparece nas Escrituras hebraicas, ou Velho Testamento. A Bíblia registra a história da palavra Geena e mostra que o local recebeu esse nome por causa dos sacrifícios de crianças vivas ao deus Moloque.

“Fez ele também passar seus filhos pelo fogo na vale do filho de Hinom, e usou de adivinhações e de agouros, de feitiçarias, e consultou adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do SENHOR, para o provocar a ira” (2Cr 33.6).

As referências bíblicas nas quais aparece a expressão “vale do filho de Hinom”, correspondente à palavra grega Geena, são: Jr 32.35 e 2 Cr 28.3. O rei Josias pôs fim a esses sacrifícios de crianças inocentes. “Também profanou o Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Moloque” (2 Rs 23.10).

Esse local se tornou símbolo do castigo eterno nas palavras de Jesus. Das doze vezes em que aparece a palavra Geena como símbolo do inferno, lugar de tormento eterno e consciente, onze são encontradas nos ensinos de Jesus e sempre como lugar que deve ser evitado, mesmo com o prejuízo de qualquer bem terreno, por mais valioso que seja. Todavia, as testemunhas de Jeová explicam que “A palavra ocorre 12 vezes” nas Escrituras Gregas Cristãs, aparecendo pela primeira vez em Mt 5.22. A “Tradução do Novo Mundo” verte-a por “Geena” em todas as suas ocorrências: Mt 5.22, 29,30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6. E a interpreta com o sentido de “Símbolo da destruição total” (Apêndice da TNM, pp. 1544/45, STV).

Para justificar que Geena é o símbolo da destruição total ou aniquilamento, as testemunhas de Jeová declaram: “Não significam tormento consciente, mas, antes, morte ou destruição eterna”.13

Mas as testemunhas de Jeová se contradizem ao afirmarem o seguinte: “Os demônios aguardam com terror a perspectiva de irem para o lago de fogo”. E apontam os textos de Mt 8.28-29 e Lc 8.30-31.14

“E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? E perguntou-lhes Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo” (Lc 8.30-31, destaque do autor).

Se Geena fosse, de fato, aniquilamento ou inconsciência, por que os demônios aguardam com terror a perspectiva de irem para lá?

Expressões bíblicas sobre o inferno que denotam sofrimento, e não descanso

1.“E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lc 16.22-25, destaque do autor).
2. “E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13.42, grifo do autor).
3. “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno” (Mt 18.8, destaque do autor)
4. “Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome” (Ap 14.9-11, destaque do autor).
5. “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre” (Ap 19.20, destaque do autor).
6. “E o diabo, que os enganava, e foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10, destaque do autor).

O Tártaro

Uma única vez aparece na Bíblia o vocábulo inferno como tradução da palavra grega Tártaro. Isto ocorre em 2 Pe 2.4. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo.” Tártaro é um lugar semelhante à palavra grega Geena.

Seria possível que um leitor dos textos bíblicos transcritos pudesse afirmar que essas palavras sugiram ser o inferno um lugar de descanso em esperança? É o caso de se perguntar: “Pensam as testemunhas de Jeová por si mesmas ou o seu líder pensou por elas, e, mesmo depois de falecido, em 1916, ainda hoje suas idéias prevalecem nessa organização religiosa? Aliás, idéia de um cético, e não de um estudante da Bíblia.

As testemunhas de Jeová negam o inferno de tormento eterno e zombem dessa verdade. Entretanto, temem mais o Armagedom do que o inferno. Os cristãos, no entanto, admitimos o inferno e não tememos o Armagedom, pois cremos que a Igreja de Jesus será arrebatada antes do Armagedom (Ap 3.10).

Os adeptos das Testemunhas de Jeová falam do Armagedom como uma catástrofe universal, da qual somente eles serão poupados. E é incrível como não vêem nisso nenhuma incompatibilidade com o amor de Deus nesse morticínio universal de seis bilhões de pessoas. Para os cristãos - testemunhas de Jesus (Ap 17.6) – já não há mais nenhuma condenação. É o que dizem as Escrituras Sagradas em Romanos 8.1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

Jesus afirmou que o inferno é um lugar destinado ao diabo e seus anjos. Se qualquer pessoa for para lá, será contra a vontade de Deus. O homem no inferno é um intruso (Mt 25.41,46).

“Se qualquer coisa menos que a punição eterna for devida em vista do pecado, que necessidade havia de um sacrifício infinito para livrar do castigo? Jesus derramaria seu precioso sangue para livrar-nos das conseqüências de nossa culpa, se tais conseqüências fossem apenas temporárias? Conceda-se-nos a verdade de um sacrifício infinito, e disso tiraremos a conclusão de que o castigo eterno é uma verdade”.15

As 65 vezes em que ocorre a palavra Seol

Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31; Nm 16.30, 33; Dt 32.22; 1Sm 2.6; 2 Sm 22.6; 1Rs 2.6, 9; Jó 7.9; 11.8; 14.13, 16; 21.13; 24.19; 26.6; Sl 6.5; 9.17; 16.10; 18.5; 30.3; 31.17; 49.14, 15; 55.15; 86.13; 88.3; 89.48; 116.3; 139.8; 141.7; Pv 1.12; 5.5; 7.27; 9.18; 15.11,24; 23.14; 27.20; 30.16; Ec 9.10; Ct 8.6; Is 5.14; 7.11; 14.9,11,15; 28.15, 18; 38.10, 18; 57.9; Ez 31.15, 16, 17; 32.21, 27; Os 13.14; Am 9.2; Jn 2.2; Hc 2.5.

Alguns exemplos:

Gn 37.35: “Pois descerei pranteando para meu filho ao Seol”.
Gn 42.38: “...então certamente faríeis meus cabelos grisalhos descer com pesar ao Seol”.
Nm 16.30: “... e o solo tiver de abrir a sua boca e tragar tanto a eles, como a tudo o que lhes pertence, e tiverem de descer vivos ao Seol...”.
Jó 11.8: “É mais profunda do que o Seol”.
Is 14.9: ‘“Até mesmo o Seol, embaixo, ficou agitado por tua causa...”.
Is 14.15: “Todavia, no Seol serás precipitado, nas partes mais remotas do poço”.
Am 9.2: “Se cavarem até o Seol, de lá os tirará a minha própria mão...”.

Seicho-no-Ie

“Pergunta: ‘Na doutrina da Seicho-No-Ie existe Satanás, diabo ou inferno?’”
“Resposta: ‘Satanás ou diabo e inferno não são existências verdadeiras, porque Deus não os criou. Deus é o criador de tudo’”.18

Igreja de Unificação

O Princípio Divino afirma: “O objetivo final da providência divina de restauração é salvar toda a humanidade. Portanto, é a intenção de Deus abolir o inferno completamente, depois do término do período necessário para o pagamento completo de toda indenização. Se o inferno permanecesse eternamente no mundo da criação, mesmo depois da realização do propósito do bem de Deus, o resultado disso seria contradição de um Deus imperfeito, sem mencionar a resultante

Adventismo do Sétimo Dia

“Quão repugnante a todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo ao nosso senso de justiça, é a doutrina de que os ímpios são atormentados com fogo e enxofre num inferno eternamente a arder; que pelos pecados de uma breve vida terrestre sofrerão tortura enquanto Deus existir! Contudo esta doutrina tem sido largamente ensinada, e ainda se acha incorporada em muitos credos da cristandade”.17 

Ciência Cristã

“INFERNO. Crença mortal; erro; luxúria; remorso; ódio; vingança; pecado; doença; morte; sofrimento e autodestruição; agonia que a pessoa impõe a si mesma; efeitos do pecado; aquilo que ‘pratica abominação e mentira’”.16 

Meninos de Deus e/ou Família do Amor

“Todos os homens, em todos os lugares, todos os bilhões que já viveram, finalmente serão restaurados e reconciliados! Isso não se encaixa no quadro de um Deus verdadeiramente justo e misericordioso e todo amoroso? O plano de Deus não vai ser derrotado! Ele vai remir toda a humanidade e todos os homens! Como diz a Escritura: ‘Todos serão salvos”.19 

FONTE ICP

APÓCRIFOS DEVE CONFIAR?

 

     MERECEM CONFIANÇA OS LIVROS APÓCRIFOS? 

 

A Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio Vaticano II, declarou que “Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará assim”. 

Nós, cristãos evangélicos, rejeitamos a tradição como regra de fé. Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento inclui uma série de livros chamados “Apócrifos”, os quais não aparecem nas versões evangélica e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que, na opinião popular dos católicos, existem duas Bíblias: uma católica e outra protestante. Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. 

Apócrifos, o que significa? 

No grego clássico, a palavra apocrypha significava “oculto” ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados previamente como “pseudepígrafos”. 

Como os apócrifos foram aprovados 

A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546 para combater a Reforma protestante. Nessa época, os protestantes se opunham violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras etc. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII. 

Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos, colocando-os entre o Antigo e o Novo Testamentos, não como livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os trouxe. Mas, após 1629, as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos das suas edições da Bíblia, e “induziram a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que incluíssem esses livros em suas edições”. Melhor assim. Tinham em vista evitar confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro canônico e um apócrifo. 

Há várias razões porque rejeitamos os apócrifos. Eis algumas delas: 

Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Jesus e os autores do Novo Testamento citam, mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivesse autoridade divina. 

Historicidade 

A conquista da Palestina por Alexandre, o Grande, ocasionou uma nova dispersão dos judeus por todo o império greco-macedônico. Morrendo Alexandre, seu domínio dividiu-se em quatro ramos, ficando o Egito sob a dinastia dos Ptolomeus. O segundo deles, Ptolomeu Filadelfo, preocupou-se em enriquecer a famosa biblioteca que seu pai havia fundado. Muitos livros foram traduzidos para o grego. Segundo um relato de Josefo, o sumo sacerdote de Jerusalém, Eleazar, enviou, a pedido de Ptolomeu Filadelfo, uma embaixada de 72 tradutores a Alexandria, com um valioso manuscrito do Velho Testamento, do qual traduziram o Pentateuco. A tradução continuou depois, não se completando senão no ano 150 antes de Cristo. 

Essa tradução, que se conhece com o nome de Septuaginta ou Versão dos Setenta, foi aceita pelo Sinédrio judaico de Alexandria; mas, não havendo tanto zelo ali como na Palestina e devido às tendências helenistas contemporâneas, os tradutores alexandrinos fizeram adições e alterações e, finalmente, sete dos livros apócrifos foram acrescentados ao texto grego como apêndice do Velho Testamento. Mas os judeus da Palestina nunca os aceitaram no cânon de seus livros sagrados. 

Depois de referir-se aos cinco livros de Moisés, aos treze livros dos profetas e aos demais escritos (os quais “incluem hinos a Deus e conselhos pelos quais os homens podem pautar suas vidas”), ele continua afirmando: “Desde Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época, visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja”. 

Testemunho dos pais da Igreja 

ORÍGENES: No terceiro século a.D., Orígenes (que morreu em 254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento, preservado na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético), inclusive Ester, mas nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os livros de Macabeus estão “fora desses [livros canônicos]”. 

TERTULIANO: Tertuliano (160-250 d.C.) era aproximadamente contemporâneo de Orígenes. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro. 

HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo vinte e dois.

 

ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento, exceto Ester.

JERÔNIMO: Jerônimo (340-420. a.D.) fez a seguinte citação: “Este prólogo, como vanguarda, com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de tal maneira que possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de Macabeus em hebraico; o Segundo foi escrito em grego, conforme testifica sua própria linguagem”. 

MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C. 

“Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes: cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio, Josué, filho de Num, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, os dois livros de Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria, Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, Jó, os profetas Isaías, Jeremias, os doze num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras”. 

É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento, exceto Ester. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses testemunhos para manter, em sua teimosia, os apócrifos!

 As heresias dos apócrifos 

TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.

 

Apresenta:

• justificação pelas obras – 4.7-11; 12.8.

• mediação dos Santos – 12.12

• superstições – 6.5, 7-9,19

• um anjo engana Tobias e o ensina a mentir – 5.16 a 19 

JUDITE - (150 a.C.) É a história de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios. 

BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.

 Traz, entre outras coisas, a intercessão pelos mortos – 3.4. 

ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:

 • justificação pelas obras – 3.33, 34.

• trato cruel aos escravos – 33.26 e 30; 42.1 e 5.

• incentiva o ódio aos samaritanos – 50.27 e 28 

SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã).

Apresenta: 

• o corpo como prisão da alma – 9.15

• doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma – 8.19 e 20

• salvação pela sabedoria – 9.19 

1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de três irmãos da família “Macabeus”, que no chamado período interbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra. 

2 MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação de 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.

 

Apresenta: 

• a oração pelos mortos – 12.44 - 46

• culto e missa pelos mortos – 12.43

• o próprio autor não se julga inspirado –15.38-40; 2.25-27.

• intercessão pelos santos – 7.28 e 15.14 

Adições a Daniel: 

Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos. 

Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria. 

Capítulo 3.24-90 - o cântico dos três jovens na fornalha. 

Lendas, erros e outras heresias: 

1. Histórias fictícias, lendárias e absurdas 

- Tobias 6.1-4 - “Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias, espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senhor, ele lançou-se a mim. E o anjo disse-lhe: Pega-lhe pelas guelras, e puxa-o para ti. Tendo assim feito, puxou-o para terra, e o começou a palpitar a seus pés”. 

2. Erros históricos e geográficos 

Esses livros contêm erros históricos, geográficos e cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9.10,13). Os erros dos apócrifos são freqüentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo: o erudito bíblico DL René Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada informação histórica interessante (especialmente em 1 Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo, Sabedoria de Salomão). Tobias contém certos erros históricos e geográficos, tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1.15) em vez de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque contém erros evidentes... [Em 2 Macabeus]. Há também numerosas desordens e discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais refletem ignorância ou confusão.” 

3. Ensinam artes mágicas ou de feitiçaria como método de exorcismo 

Tobias 6.5-9 - “Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até que chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirá estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão”. 

Este ensino de que o coração de um peixe tem poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a Bíblia diz sobre superstição.

 

4. Ensinam que esmolas e boas obras limpam os pecados e salvam a alma 

a) Tobias 12.8, 9 - “É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna”. 

b) Eclesiástico 3.33 - “A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados”.

A salvação por obras destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador. 

5. Ensinam o perdão dos pecados através das orações 

Eclesiástico 3.4 - “O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias”. 

O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado. 

6. Ensinam a oração pelos mortos 

2 Macabeus 12.43-46 - “e tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados”. 

É nesse texto de um livro não canônico que a Igreja Católica Romana baseia sua doutrina do purgatório. 

7. Ensinam a existência de um lugar chamado purgatório 

Sabedoria 3.1-4 - “As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade”. 

A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na última parte desse texto. Afirmam os católicos que o tormento em que o justo está é o purgatório que o purifica para entrar na imortalidade. Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo.

 8. Tobias 5.15-19

 

“E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de que tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração”.

 Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade sem violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus foram verdadeiros quando lhes perguntado a sua identidade. Veja Lucac 1.19. 

Decisão polêmica e eivada de preconceito 

Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos desde os tempos mais primitivos é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas. 

O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito. 

Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que tiverem, não são canônicos, o que se comprova pelos seguintes fatos: 

1. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos. 

2. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento. 

3. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade. 

4. Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.

 

5. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos. 

6. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos. 

7. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

 Em virtude desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se fossem Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos faltam: 

1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos. 

2. Não detêm a autoridade de Deus. O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz: “Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles) muito hábeis, tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e sabedoria... Eu vos exorto, pois, a ver com benevolência, e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões”. Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana. (grifo acrescentado) 

Diante de tudo isso, perguntamos: “Merecem confiança os livros Apócrifos?” A resposta obvia é: NÃO! 

Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento 

Há quinze livros chamados apócrifos (quatorze, se a Epístola de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo. 

Significado das palavras cânon e canônico 

CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez 40.3; e no grego: “kanón”, em Gl 6.16") tem sido traduzido em nossas versões em português como “regra”, “norma”. Literalmente, significa vara ou instrumento de medir. 

CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica. 

Significado da palavra Pseudoepígrafado 

Literalmente significa “escritos falsos” - Os apócrifos não são necessariamente escritos falsos, mas, sim, não-canônicos, embora também contenham ensinos errados ou hereges.

 Diferença entre as Bíblias hebraicas, protestantes e católicas 

1. Bíblia hebraica [a Bíblia dos judeus] 

a) Contém somente os 39 livros do VT

 b) Rejeita os 27 do NT como inspirado, assim como rejeitou Cristo. 

c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata (versão Católica Romana). 

2. Bíblia protestante 

a) Aceita os 39 livros do VT e também os 27 do N.T.

 b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não canônicos. 

3. Bíblia católica 

a) Contém os 39 livros do VT e os 27 do N.T. 

b) Inclui, na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel. 

A seguir, a lista dos que se encontravam na Septuaginta: 

1. 3 Esdras 

2. 4 Esdras 

3. Oração de Azarias 

4. Tobias 

5. Adições a Ester 

6. A Sabedoria de Salomão 

7. Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho de Siraque). 

8. Baruque 

9. A Carta de Jeremias 

10. Os acréscimos de Daniel 

11. A Oração de Manassés 

12. 1 Macabeus 

13. 2 Macabeus 

14. Judite 

Bibliografia:

 FONTE ICP

1. Merece Confiança o Antigo Testamento?, Gleason L. Archer. Jr. Ed. Vida Nova.

2. Introdução Bíblica, Norman Geisler e William Nix. Ed. Vida.

3. Panorama do Velho Testamento, Ângelo Gagliardi Jr. Ed. Vinde.

4. O Novo Comentário da Bíblia vol I, vários autores. Ed. Vida Nova.

5. Evidência Que Exige um Veredicto vol I, Josh McDowell. Ed. Candeia.

6. Os Fatos sobre “O Catolicismo Romano”, John Ankerberg e John Weldon. Ed. Chamada da Meia-Noite.

7. O Catolicismo Romano, Adolfo Robleto. Ed. Juerp.

8. Estudos particulares de, Pr. José Laérton - IBR Emanuel - (085) 292-6204.(internet)

9. Estudos particulares de, Paulo R. B. Anglada.(internet)

10. Teologia Sistemática, Green. Ed. Vida Nova.

11. Anotações particulares do autor.